ATA DA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 22.03.96.

 


Aos vinte e dois dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor André Forster, nos termos do Requerimento nº 26/96 (Processo nº 497/96), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Compuseram a MESA: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Senhor Antônio Britto e sua esposa, a Primeira Dama do Estado, Senhora Wolia Costa Manso, o Senhor César Alvarez, representando o Senhor Prefeito Municipal, o Senhor André Forster, homenageado, o Vice-Governador do Estado, Senhor Vicente Bogo, o Deputado José Ivo Sartori, representando a Assembléia Legislativa do Estado, os Senadores Pedro Simon e José Fogaça e o Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou ao Coral do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, sob a regência do Maestro Gil de Roca Sales, para que, com todos em pé, cantasse o Hino Nacional, entoando, logo após, a Música Céu, Sol, Sul, em homenagem ao Senhor André Forster. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores para que se manifestassem sobre a presente homenagem em nome das Bancadas. O Vereador Fernando Záchia, como proponente, saudou o homenageado por sua trajetória histórica na luta pela reconquista do Estado de Direito e como dirigente de grande importância do PMDB. O Vereador Artur Zanella, pela Bancada do PDT, saudou o homenageado por suas qualidades como político do PMDB e como homem público, rememorando o período em que Sua Senhoria cumpriu mandato nesta Casa. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, saudou o homenageado, lembrando o difícil papel desempenhado à frente do PMDB no momento da luta contra as forças do Estado de Exceção. O Vereador Airto Ferronato, em nome do PMDB, falou da honra que é poder prestar esta homenagem a um homem da importância de André Forster para o PMDB e para todo o setor democrático de nossa sociedade. O Vereador Pedro Américo Leal, pela Bancada do PPB, saudou o Senhor André Forster pelo seu importante e reconhecido trabalho desempenhado à frente do PMDB gaúcho. O Vereador Raul Carrion, em nome do PC do B, saudou a liderança histórica de André Forster, rememorando as lutas pelas liberdades públicas durante o período da repressão militar. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, saudou o Senhor André Forster por sua capacidade e seu exemplo de homem público como parlamentar e como dirigente do PMDB. O Vereador Clovis Ilgenfritz, em nome da Bancada do PT, lembrando a trajetória do homenageado desde a época do movimento estudantil durante os anos da ditadura, destacou as suas qualidades como dirigente e estrategista político. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, destacou a importância do Senhor André Forster na luta pela democracia em nosso Estado e País como dirigente unanimemente reconhecido do PMDB. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor César Alvarez que, representando o Senhor Prefeito Municipal, destacou qualidades e atributos do homenageado como homem público e dirigente do PMDB. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença do Secretário de Minas, Energia e Comunicação do Estado, Senhor Assis Roberto de Souza e concedeu a palavra ao Governador do Estado, Jornalista Antônio Britto, que saudou o Senhor André Forster pelo Título ora outorgado, destacando o cabimento desta homenagem e a importância de Sua Senhoria à frente do PMDB gaúcho. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Fernando Záchia a entregar o Diploma de Cidadão de Porto Alegre e o Governador Antônio Britto a entregar a Medalha alusiva ao Título ora outorgado ao Senhor André Forster. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou as funcionárias Iara Lima Silva, Maria Helena Belmonte Braga e Carmem Regina de Moura a entregarem uma lembrança em reconhecimento à dedicação do ex-Vereador André Forster aos funcionários desta Casa quando de sua gestão como Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor André Forster, que agradeceu a todos os presentes e em especial aos oradores a homenagem prestada, rememorando passagens de sua carreira política como homem público na luta pela democracia e à frente do PMDB. Às dezessete horas e cinqüenta e um minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Fernando Záchia. Do que eu, Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por instalada a 1ª Sessão Solene da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da XI Legislatura, destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. André Forster.

Compõem a Mesa o Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Antônio Britto; Exmo. Sr. César Alvarez, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Exma. Sra. Primeira Dama do Estado, Sra. Wolia Costa Manso; Sr. André Forster, homenageado; Exmo. Sr. Vice-Governador do Estado, Dr. Vicente Bogo; Exmo. Sr. representante do Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Deputado José Ivo Sartori. Também integrando a Mesa estão o Senador Pedro Simon e o Senador José Fogaça.

Antes de darmos início à primeira etapa desta Sessão Solene, gostaríamos, na condição de Presidente desta Casa, de dizer da honra de presidir esta Sessão por termos, junto do André, acompanhado toda a sua trajetória, toda a sua vida pública, desde a época da Universidade, quando André Forster foi Presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na década de 70, com ele, sob a liderança deste que hoje a Câmara Municipal outorga o Título de Cidadão de Porto Alegre, nos anos 1974 e 1975, participamos, dentro do MDB, da organização do Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais do Movimento Democrático Brasileiro e, com ele, tivemos a honra, quando chegamos a esta Casa, em 1º de janeiro de 1986, sob a Presidência de André Forster, de integrar a Mesa Diretora.

Um dado extremamente importante e que cumpre seja registrado: foi sob a Presidência de André Forster que a Câmara de Vereadores se transferiu do prédio obsoleto e ultrapassado onde eram exercidas as atividades legislativas do Município de Porto Alegre, no prédio da Prefeitura, para esta Casa. Foi durante a sua Presidência que se deu a transferência desta Casa e onde estaremos comemorando o evento no dia 02 de maio - lembro-me bem, André, quando, sob a tua Presidência, numa das entradas de acesso desta Casa, tivemos a oportunidade de inaugurar o novo prédio da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Hoje, orgulhamo-nos de estar junto contigo neste Sessão Solene de outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre. Esta Casa sente-se extremamente honrada, além da outorga desse Título, com a presença, a presença, além das autoridades já nominadas, pela primeira vez na condição de Governador do Estado do Rio Grande do Sul, do Dr. Antônio Britto.

Convidamos o Coral do BANRISUL para executar o Hino Nacional.

Registramos, com satisfação, a presença nesta Mesa do Deputado Estadual Mendes Ribeiro Filho.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos ainda, o Coral do BANRISUL, sob a regência do Maestro Gil de Roca Sales, para homenagear André Forster, com a música “Céu, Sol, Sul”.

 

(É feita a apresentação do Coral.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra, como proponente da homenagem.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Cumprimenta os demais componentes da Mesa.)

(Lê.)

“A unanimidade é uma situação rara e muito difícil de ser conquistada por qualquer cidadão durante a sua vida. Entretanto, na manutenção da máxima de que “em toda a regra há uma exceção”, ela se confirma, em alguns aspectos, na carreira política do Sociólogo André Forster. Ao longo da história de quase duzentos e vinte e três anos de existência da Câmara Municipal de Porto Alegre, é possível que Presidentes deste Legislativo tenham sido eleitos com o apoio de todos os Vereadores.

No entanto, nos últimos anos, existe apenas um registro de eleição unânime de Presidente desta Câmara Municipal. Justamente o do nobre e digno companheiro de partido André Forster, eleito Vereador de Porto Alegre para a Legislatura de 1983 a 1988. Depois de liderar a Bancada do PMDB nos dois primeiros anos de seu mandato popular, André presidiu o Legislativo no biênio 85 e 86. Foi eleito com os votos de todos os trinta e três parlamentares da época.

Mais recentemente, em outubro do ano passado, o Plenário desta Câmara Municipal, ao apreciar o meu Projeto de Resolução concedendo o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre a André Forster, Presidente do PMDB do Rio Grande do Sul, aprovou a proposta sem nenhuma contestação.

Nascido em Estrela, no dia 17 de maio de 1945, mas criado em Santa Cruz do Sul, onde fez o curso secundário, Forster, desde cedo, demonstrou a sua personalidade forte, sempre em favor das causas sociais. E não ficou apenas na teoria. Ainda adolescente, começou a lutar pela igualdade social e passou a fazê-lo dentro das possibilidades da época: nos grêmios estudantis das escolas em que estudou.

Ali teve a iniciação de sua postura política ética, retilínea e democrática. Em nenhum momento se afastou destes princípios que moldam sua personalidade e caráter e faz questão de mantê-los no exercício de sua liderança na Presidência do Diretório Regional do PMDB, um dos mais respeitados do País por sua coerência e opiniões.

Aproveito este momento solene para destacar a opção política de André Forster. Talvez até em prejuízo pessoal, mas numa atitude magnânima, ao término do seu mandato parlamentar, deixou de ser legislador para dirigir o Partido. Para mim, particularmente, esse seu gesto demonstra a grande dignidade de André, na verdadeira acepção da palavra, e serve de exemplo a legisladores e dirigentes partidários.

Nesses vários anos em que preside o PMDB gaúcho, sem necessidade de ser manchete constante em noticiários, até porque não é esse o seu estilo, consegue manter o Partido unido, apesar da natural diversificação de correntes partidárias. É um líder natural, sendo respeitado pelos políticos de outros partidos. E não só no Rio Grande do Sul. Sem qualquer favor, André Forster também é uma figura nacional, fazendo ressoar pelo País as posições firmes do PMDB gaúcho.

Este notável político rio-grandense, que hoje recebe o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, chegou para morar na capital gaúcha em 1964, meses antes da deposição do cargo do então Presidente da República João Goulart.

Ingressou no curso de Ciências Sociais, da velha e tradicional Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Logo integrou a diretoria do Centro Acadêmico Franklin Roosevelt e mais tarde o presidiu. Na época, esse Centro Acadêmico era um dos núcleos da vanguarda do movimento estudantil no Estado e de oposição ao Governo Militar.

Pouco depois de se formar em Sociologia, em 1967, André Forster fez o curso de Especialização em Desenvolvimento Econômico no Centro de Estudos Políticos para a América Latina (CEPAL), que é um organismo da ONU.

No começo dos anos setenta, Forster deixou a assessoria técnica do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e assumiu uma das assessorias do MDB. Sua passagem como Vereador desta Câmara Municipal, por seis anos é lembrada com saudade e carinho pelos funcionários mais antigos, especialmente o período em que presidiu o Legislativo, com competência, dedicação e respeito aos trabalhadores.

Ainda no MDB, ele idealizou, criou e presidiu o Instituto de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais - IEPES, que se tornou um órgão de extrema importância para o Partido. Também foi o Presidente da Associação Gaúcha de Sociólogos, Professor de Sociologia na UNISINOS e Diretor da METROPLAN, além de Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia no Governo do Senador Pedro Simon.

Assim, por sua atividade social e política, há o reconhecimento da comunidade porto-alegrense a André Forster e por isso, agora, honradamente outorga-lhe o merecido Título de Cidadão de Porto Alegre.

Parabéns, André Forster, e também a sua mãe, Dona Bela, que está presente nesta Sessão Solene.”

Faríamos aqui, quebrando o protocolo, uma homenagem a Dona Bela, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, entregando a ela um buquê de flores. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

(É feita a entrega de um buquê de flores à mãe do homenageado.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella está com a palavra, pela Bancada do PDT.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa e demais presentes.) Uma das poucas vezes que houve eleição direta em nossa Bancada foi para a escolha do orador do dia de hoje. Felizmente, eu tenho a oportunidade de saudar o nosso homenageado que testemunha uma das coisas que aqui ocorreram. No primeiro momento, se houvesse, por exemplo, a união do PMDB e do PDT contra o Prefeito de então Ver. João Dib, provavelmente a administração de Porto Alegre ficaria inviabilizada. Depois, o governo de Alceu Collares, se pudesse também ouvir o contra do partido que, então, detinha o poder, também ficaria inviabilizado. Mas isso nunca ocorreu, nunca passou pelas mentes daquelas pessoas, daqueles servidores, fazer algo que, de alguma forma, prejudicasse. E o André, neste tempo em que durante seis anos eu trabalhei com ele nesta Casa, foi preponderante para que nós tivéssemos uma posição somente de apoio, de trabalho em prol da comunidade. O Ver. Elói Guimarães, um dos mais antigos desta Casa, dizia que esta é uma honra que ele gostaria de ter, e tenho certeza de que todos os colegas gostariam.

Pela primeira vez, quem sabe pela última vez, eu tenho a satisfação de saudar desta tribuna um colega-modelo, um político-modelo, um sociólogo-modelo na mesma ocasião e na mesma pessoa. Como colega, um dos Vereadores que comigo foi colega na Legislatura do André, pode testemunhar a correção, a cultura, o trabalho do nosso homenageado nesta Casa. No entanto, há um episódio ocorrido na Legislatura na qual André foi figura principal que merece ser lembrado para confronto direto com o que ocorre nos dias atuais. André Forster foi eleito por voto secreto, por unanimidade, Presidente desta Casa. Lembro como se fosse hoje, quando o Líder do PMDB, então MDB, Werner Becker, que veio de Brasília para esta homenagem, foi até a Bancada do Partido e pediu uma foto. Lembro que diversos Vereadores participavam da reunião. Tenho certeza de que o Hermes Dutra estava, o Mendes Ribeiro Filho, o Raul Casa. Ele veio pedir o nosso apoio e disse apenas isso: “ O André, por meu intermédio, promete que assegurará a todos os Vereadores todos os direitos inerentes ao exercício de seu mandato”. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Toda a nossa Bancada - de dez Vereadores, como todos os Vereadores desta Casa, depositaram o voto no nome de André.

Ao fim de dois anos de mandato como Presidente, a Casa foi unânime em afirmar que André cumpriu a sua promessa. Foi eleito Presidente com voto de todos os Vereadores, terminando a sua presidência admirado por todos. Não foi dando nem merecendo que André mereceu a admiração de todos os colegas; foi cumprindo, rigorosamente, o Regimento desta Casa, as leis, a Constituição. Assegurando, igualmente, o direito de todos que recebeu e, também, a admiração de todos.

É por isso que hoje posso falar em político-modelo, pois não foi dando que recebeu, e recebe, hoje, o apreço e o respeito da opinião política e pública de todo o Estado. É extremamente oportuna a lembrança do político André Forster neste momento, nesta Casa, numa das melhores, das boas, das ótimas proposições que o Ver. Fernando Záchia apresentou neste Plenário. André é ex-Vereador e é, hoje, o Presidente do Partido que governa o Estado. André Forster é, para mim, para nós do PDT, uma boa ponte, ou talvez a melhor ponte ao Governo do Estado, para transmitir ao Governo do Estado o que, certamente, ele sabe: que Porto Alegre precisa ser governada com ousadia e audácia, arrostando preconceitos e medos para, depois, ter o reconhecimento dos seus pósteros, da comunidade, como tiveram, ou tem, Otávio Rocha, Loureiro da Silva, Ildo Meneghetti, Leonel Brizola, Guilherme Villela, Telmo Thompson Flores, Alceu Collares, e tantos outros, porque nós temos que ter sempre em mente que Porto Alegre é o espelho, é o reflexo do Rio Grande do Sul, que a Câmara Municipal de Vereadores, pela Constituição, é, fundamentalmente, a representação daquilo que a Constituição desejou, isto é, uma democracia representativa, e o André sempre soube que a democracia direta às vezes é o caminho mais fácil e mais direto para o autoritarismo. É por isso que a nossa Bancada, hoje por mim representada, traz uma palavra final de homenagem a um Sociólogo-modelo, ao Professor de Sociologia André Forster, que continua repetindo tudo aquilo que ensinou e escreveu em universidades. E creio que jamais esquecerá, como Sociólogo, como político e como cidadão, tudo aquilo que nós aprendemos juntos nesta Casa; ele conosco e nós com ele, porque apesar de não ter a idade avançada, eu vejo o André, e ele que me perdoe, eu o vejo como o patriarca de todos nós. Uma pessoa ponderada, uma pessoa que traz milhares de anos em sua sabedoria e que, ao menos aqui, não sei no Partido, sempre trouxe uma palavra de paz, de tranqüilidade, de apoio e de afeto a todos nós, para que pudéssemos, como representantes eleitos do povo de Porto Alegre, tornar esta Cidade cada vez melhor e cada vez mais feliz. Muito obrigado, André.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, pela Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) O Partido Trabalhista Brasileiro não poderia, de forma alguma, deixar de estar aqui, prestando a sua homenagem a este político, que todos nós sabemos, é exemplo para todos nós. Trago, também, o abraço dos companheiros de Bancada, do Ver. Luiz Braz, Ver. Paulo Brum, Ver. Edi Morelli e, na condição de Presidente do Diretório Metropolitano do PTB, trago o abraço dos meus companheiros e do companheiro Sérgio Zambiazi, Presidente do nosso Diretório Regional, porque, para o Partido Trabalhista Brasileiro, a convivência com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, é extremamente importante e salutar. O André Forster veio a Porto Alegre exatamente no momento em que se deflagrou um marco triste na vida do povo brasileiro: 1964, um período difícil para todos nós, é a marca da sua chegada em nossa Cidade. Depois, marca também a sua militância na política estudantil, na política universitária, aqui dentro da nossa Cidade, vivenciando, sem dúvida nenhuma, um momento que deve ter sido extremamente difícil para ele, como para nós também, que militávamos no movimento estudantil, naquela época, nos grêmios estudantis e ele já no movimento universitário. Nós, do Grêmio Estudantil Inácio Montanha, na UNESPA, na UGES, vivenciando aquele momento difícil. Nessas reflexões ele caminhou para a Faculdade de Filosofia e Sociologia e deve ter refletido muito sobre tudo o que aconteceu na vida do nosso País e na vida de todos os cidadãos, que querem ter sua condição de brasilidade, esse sonho acalentado por todos nós, de termos um País que tanto sonhamos e ainda não conseguimos. O André Forster, tenho certeza, procurou trilhar um caminho aqui na Câmara no sentido de aprimoramento político, resgatar os princípios do nosso País, de assumirmos verdadeiramente a condição de homens públicos. E é tudo isso que queremos, com partido fortalecido nas bases, que crie realmente caminhos, que tenha relação direta com o povo, pois o povo brasileiro precisa e esta é uma obrigação de todos nós - angariar a confiança do povo brasileiro. O companheiro André Forster, dentro do seu partido, tem procurado, ao longo da sua trajetória, fazer com que a sua instituição política, a sua grei partidária possa crescer e se desenvolver em princípios básicos para o povo brasileiro, com responsabilidade, com ética e profissionalismo. Isso que é fundamental. E nós, homens públicos, nós, políticos, que assumimos cargos em todas as esferas - municipal, estadual, federal - precisamos de todas as formas, refletir profundamente sobre isso. E o André, como Sociólogo, deve ter muitas e muitas vezes refletido sobre as linhas e os caminhos políticos do seu partido, dos seus próprios companheiros, daquilo que nós estamos oferecendo ao povo porto-alegrense, gaúcho e brasileiro. Essa, eu tenho certeza, é a convicção de que muito precisamos fazer para chegarmos realmente até o povo, aos anseios do povo brasileiro.

O companheiro Fernando Záchia foi muito feliz ao fazer esta homenagem a André Forster, e permita-me esta liberdade, mas acho que aqui estão pessoas que eu admiro, respeito e quero bem. Lembro que um outro dia passava na Rua Ramiro Barcelos e tinha numa propaganda política, uma foto do André Forster, uma imagem envelhecida, com o seu símbolo político. E depois conheci um pouco mais do André Forster através da escola dos seus filhos, que estão hoje aqui. Ele sempre preocupado com a educação deles, tornou-se importante para eles esta escola. Essas coisas todas que fazem com que tenhamos esse sentimento de relação boa, profunda e positiva para as pessoas. Tenha certeza, André Forster, que o Partido Trabalhista Brasileiro tem muito respeito pela sua pessoa, pelo seu trabalho, por tudo que tem construído para a política do nosso Estado e da nossa Cidade. Parabéns! O povo de Porto Alegre lhe agradece. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, pela Bancada do PMDB.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Temos diversos oradores para esta tarde, que é uma festa. Tenho a satisfação de falar em nome do meu partido, PMDB, em nome da Vera. Clênia Maranhão e em nome do Ver. Luiz Negrinho, do PST. Hoje é uma festa para Porto Alegre. Esta festa para André Forster é para nós também políticos da Cidade de Porto Alegre. Não poderíamos deixar de prestar nosso reconhecimento ao Ver. Fernando Záchia pela feliz idéia de apresentar este Título de Cidadão de Porto Alegre a André Forster. Gostaria de dizer que tive a feliz oportunidade de presidir os trabalhos nos últimos seis anos ininterruptamente e tive a oportunidade de presidir Sessões importantes nesta Casa. Agora, acredito que esta Sessão é a que consegue reunir, não diria a maior, mas é, sem nenhuma dúvida, das maiores presenças de pessoas em Sessões Solenes nesta Casa, é das Sessões Solenes em que nós temos a presença das maiores autoridades ilustres do Estado do Rio Grande do Sul. Isto é significativo para nós e isto merece um aplauso ao Ver. Fernando Záchia, proponente da ação, que merece os cumprimentos da Câmara Municipal de Porto Alegre, aos Vereadores de Porto Alegre que souberam, no ano passado, aprovar este título de maior importância, até porque Porto Alegre reconhece o trabalho do nosso Presidente André. Porto Alegre tem a consciência de um homem que trabalha e vive os problemas da nossa Cidade. Parabéns por este Título. Porto Alegre precisava mais do André do que a Cidade de Estrela.

Não poderíamos deixar de dizer que para nós, peemedebistas, nesta homenagem ao André nestes trinta anos do nosso Partido, até porque não poderia ser diferente, André sempre foi amigo até quando teve que tomar posições não do partido em primeiro lugar, mas das idéias do PMDB, que são idéias da nossa coletividade de Porto Alegre. Todos reconhecem André como um homem correto, e nós, da Câmara, conseguimos, no ano passado, ceder o Plenário da Câmara em quinhentos e quarenta e seis oportunidades. Quase duas vezes por dia nós tínhamos associações e sindicatos aqui na Câmara, e hoje, se a Câmara está nesta situação que está, com suas deficiências, apesar das dificuldades que nós enfrentamos, em muito devemos a iniciativa do Presidente André Forster.

Gostaria de dizer que a Câmara de Porto Alegre é uma das instituições políticas que tem uma valorização, um crédito muito grande. Eu tive a oportunidade de andar por toda a Porto Alegre e ela toda reconhece a Câmara como um modelo nacional, exatamente porque aqui passam personalidades importantíssimas da nossa sociedade. E André Forster foi, sem nenhuma dúvida, uma dessas personalidades que contribuiu muito para o engrandecimento dessa nossa Câmara Municipal de Porto Alegre. (Inaudível.) ... certa vez alguém comprou uma casa com um jardim... (Inaudível.)

Nós precisamos fazer a nossa parte e tenham a certeza que, nesta Casa - todos os Vereadores - e nós, do PMDB, estamos lutando desesperadamente para fazer com que cada vez mais a população de Porto Alegre reconheça a nossa Câmara.

Eu, enquanto Presidente da Casa, tive a oportunidade de ver algumas mensagens do nosso Presidente, no passado, de que iria tentar fazer o possível para que a nossa posição fosse valorizada e reconhecida em Porto Alegre. Acredito que fizemos o possível para isso. Tenha a certeza, Dep. André Forster, que V. Exa. ainda é o Presidente que tem o carinho especial dos servidores, um crédito todo especial dos cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra, pela Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) A política tem singularidades. Apresenta contradições, por vezes ironias. Mas é que vamos encontrar, não raras vezes, nos partidos políticos, contradições de ser seus amigos, privar com eles, visitá-los, amistosamente, e com eles conviver. Hoje reproduz-se a imagem de Teodoro Roosevelt em torno da tua pessoa, André Forster, no teu deslocamento de vida, desde a Assembléia, em que compartilhei tua trajetória, no teu silêncio, na tua figura esguia. Conquistaste a admiração dos teus adversários, e se hoje vêm aqui é porque querem. E é com essa demonstração que tu contemplas a presença de um Governador do Estado, acompanhado por sua esposa e um Vice-Governador, de dois Senadores e de um Deputado Federal. Não poderia, este adversário político teu, em nome do PPS de Celso Bernardi, do gigante João Dib, de Percival Puggina, deixar de saudar-te. Esta subida à tribuna não é protocolar, absolutamente, não é protocolar. Configura-se como um cumprimento ao guerreiro, que em silêncio conduz um grande partido brasileiro íntegro, recusando-se a conchavos nacionais - o PMDB gaúcho.

Cumprimento André Forster e é com satisfação que digo: tenho saudades. Você, hoje, tem aquilo que semeou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está com a palavra. Fala em nome da sua Bancada, o PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: (Saúda os componentes da Mesa e os demais convidados.) Quero, desde já, parabenizar o Ver. Fernando Záchia pela iniciativa de conceder este Título de Cidadão de Porto Alegre.

Em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil venho saudar, em primeiro lugar, o Amigo dos anos 60, André Forster. Amigo de muitas lutas estudantis comuns, de lutas pelas liberdades democráticas, de lutas pelos direitos do povo brasileiro.

Quero homenagear também o Democrata que reencontrei no final da década de 70, no retorno do exílio, e com qual participamos de tantas jornadas, de tantas lutas: pelas diretas, pela soberania nacional!

Quero homenagear o Dirigente do “velho MDB de guerra”, de qual todos nós participamos, sempre unidos nas lutas progressistas do nosso povo.

Num momento tão grave da vida brasileira, em que a própria soberania do Brasil corre risco. Quando a aplicação do projeto neoliberal vem significando uma verdadeira destruição da economia nacional. No momento em que o patrimônio que o povo brasileiro acumulou e construiu, com tanto sacrifício, está sendo entregue. Agora é a vez da PETROBRÁS, da ELETROBRÁS, da Vale do Rio Doce. Espanta-me que o próprio Banco do Brasil não esteja à venda!

No momento em que direitos históricos do povo brasileiro, como a Previdência Social e os Direitos Trabalhistas, estão ameaçados. No momento em que as próprias liberdades democráticas estão ameaçadas no nosso País, estão sendo atropeladas - como denunciou o Senador Pedro Simon (aqui presente) no dia de ontem, votando, numa atitude corajosa, em defesa da Constituição e do direito de 1/3 dos Senadores constituírem uma CPI!

Num momento desses, ao homenagear o meu caro André Forster, queremos homenagear todos aqueles que dentro do PMDB seguem a luta por um Brasil Soberano, Democrático, Progressista e que não se deixa levar pelo “canto das sereias” do neoliberalismo. Quero dizer que dentro do PMDB existem esses companheiros! E ao homenagear André Forster, homenageio esses companheiros, assim como a Bancada do PMDB no Senado, que no dia de ontem teve uma posição digna e firme, que valoriza os políticos do Rio Grande do Sul.

Por isso, quero, como porto-alegrense, dizer com toda a certeza que a Cidade se orgulha disso, e ao homenagear uma pessoa como André, homenageia essa trajetória de luta que é do PMDB. Essa trajetória de lutas, esse capital em defesa da soberania, da liberdade, dos direitos do povo, que o PMDB não pode perder! E aqui, esta homenagem é para ti e para esses companheiros que seguem essa luta dentro do PMDB. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. e Sras. Vereadores, participo deste ato solene de entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre à André Forster na dupla responsabilidade de ser, sem sombra de dúvida, uma das pessoas desta Casa que, pelas circunstâncias e pelos desvios do destino, por certo, poucas vezes tem estado na mesma tribuna e na mesma trincheira que o nosso homenageado.

Penso que isto me determina, Ver. Fernando Záchia, a lhe cumprimentar, num primeiro momento, pela felicidade da iniciativa e, ao me justificar, de público, porque não realizei meu intento íntimo de transferir a V. Exa. , como autor da homenagem, a prerrogativa de falar em nome da Bancada do meu Partido, o PFL. Pensei muito sobre isso, André Forster, e concluí que a circunstância de que hoje estejamos aliados num objetivo de contribuir com o Governador Antônio Britto na sua luta de construir um novo Rio Grande do Sul, um “Rio Grande Unido e Forte”, poderia ensejar um tipo de conclusão apressada, que a minha participação direta neste ato haveria de desfazer.

Em verdade, eu acredito que a decisão da Câmara Municipal de Porto Alegre, quando, por unanimidade, acolheu o Projeto de Lei do Ver. Fernando Záchia, é homenagear um cidadão, independente das suas posições políticas, mas, sobretudo, porque ele tem posição política. A Câmara Municipal de Porto Alegre foi feliz quando outorgou a André Forster a cidadania desta Cidade pela razão direta de que, pela primeira vez, nos últimos tempos, podemos dizer que fazer política é uma atividade nobre e deve ser respeitada, principalmente quando ela é feita por um homem de bem, como é o caso do nosso homenageado de hoje, o Sociólogo André Forster. Por isso, fiquei feliz na manhã de hoje, quando recebi um telefonema do Presidente do meu Partido, Deputado Federal Jair Soares, que me recomendava aquilo que já havia decidido, que não deixasse de trazer aqui a palavra do PFL de Jair Soares, de Germano Bonow e de tantos outros que, apesar de inúmeras vezes tê-lo tido na condição de adversário político, nunca deixaram de ter para consigo o carinho e respeito que você nos merece.

Por isso, cumprindo a tarefa que faço com a maior alegria possível, eu, que tive com o nosso homenageado desencontros que não foram só doutrinários e ideológicos, tive até desencontros temporais, tanto que parece que em 1982, quando pelo voto popular aqui chegava, eu daqui saí, porque estava pretendendo uma outra opção política. Mesmo assim, ainda que me lembrando o Professor Élvio Clemente, que no momento em que o homenageado se encontrava na Faculdade de Filosofia, na UFRGS, eu estava, até em outra Universidade, na PUC. Mesmo nessas condições diferenciadas, nunca nos faltou a compreensão de que cada um, a seu modo, estava defendendo o seu papel e estava levando a termo as suas convicções. Sobressaí tudo isso na figura de André Forster, a figura do político, no homem que faz, no homem que acredita nas suas posições. Nós que somos políticos, que, com freqüência, até temos que enfrentar a intolerância daqueles que nos agridem, porque, pela agressão, pretendem eles minar as bases do alicerce democrático desta Nação. Nós, como políticos, temos que, nesta hora, unidos e em alto e bom som, homenagear André Forster, porque ele representa, na sua dignidade pessoal e na sua dignidade política, aqueles valores que todos temos que cultuar.

Meus cumprimentos, André; meus cumprimentos Záchia! É este André Forster, Presidente do teu Partido, com qual tive tantas divergências, um dos exemplos que temos que oferecer à Nação Brasileira. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra, pela Bancada do PT.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Vou trilhar o caminho - se me permites, André - da saudade e também da esperança no futuro. É uma satisfação muito grande para mim, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores e de seus dez Vereadores, aproveitar esta oportunidade criada pelo Ver. Fernando Záchia - que, se não fosse ele, outro criaria, pois tenho certeza de que foi disputado esse Requerimento - e dizer que conheci o André na Universidade, no fim da década de 60, e, com ele, outras pessoas, inclusive a minha mulher, que era colega de turma do André; o Ênio, que não está aqui conosco mais; o Hélio, e outros dessa época, alguns estão aqui conosco, outros já se foram e deixam saudades.

Desde essa época conseguíamos vislumbrar no André Forster - também apoiamos, na época, para Vereador - que ali estava um líder, assim como muitos outros que nos acompanharam nessa época. Nossas lutas pela democracia, pela democratização do País contra a ditadura, nossas lutas políticas pelo PMDB, depois, questões sindicais, tudo isso nos uniu, e foi motivo de grandes participações na nossa vida. Mais tarde, tive o prazer de trabalhar na Câmara, na assessoria desta Casa, e o nosso Ver. Antonio Hohlfeldt junto com o Werner Becker e outros Vereadores fizeram uma bem articulada frente e André Forster foi Presidente da Casa. Muitas e muitas reuniões tivemos, inclusive a tomada deste espaço. Acho que isso é importante lembrar. Lembrar, ainda, que o representante, hoje, aqui, do Prefeito, César Alvarez era um dos assessores da Casa. Também lembrar das nossas jornadas, com Gládis Mantelli, uma das lembranças mais queridas que tenho, um trabalho excepcional que fez nesta Casa. Eu como assessor, quero dizer a mesma coisa que disse o Airto Ferronato, nosso colega e companheiro de Mesa no ano passado, na qual fui o 1º Secretário, que eu também acho que o André Forster deixou uma impressão, uma imagem, junto ao funcionalismo, das melhores. Foi algo que não deu para esquecer.

Depois, como Presidente do PMDB, competente, inteligente, estrategista, às vezes até demais, porque para nós, do PT, foi um dos mais competentes competidores nas últimas eleições. André Forster chamava a atenção pela sua capacidade, seu vigor, como vencedor. Isso é uma qualidade que o nosso homenageado tem. Eu queria dizer que continuo com aquela amizade e eu sei que a Bancada do Partido dos Trabalhadores tem esse respeito, essa admiração. As nossas trincheiras, às vezes diferenciadas, não fazem com que a gente esqueça das qualidades e respeito que todos estão demonstrando hoje nesta Sessão.

Nós lutamos pela cidadania como sendo a principal questão do mundo moderno, pois só assim poderemos fazer com que a democracia exista e seja soberana. E nessa cidadania que nós queremos para todos hoje, ela tem alguém que entre os cidadãos se destaca e ganha o prêmio. Isso é muito bonito. Cidadão entre os cidadãos. André, tu és um dos líderes entre os cidadãos de Porto Alegre e do nosso Estado. Então, as nossas lutas continuam e quem sabe algumas lutas comuns, as principais daquela época estão ainda hoje na ordem do dia.

Foi muito boa a lembrança do Vereador Carrion sobre as atitudes de alguns Deputados do PMDB, do Senador Pedro Simon, ontem, com relação a nossa derrota, que eu considero passageira, que nós vamos recuperar esse terreno na CPI e na Previdência, mas de qualquer forma eu queria, mais do que nunca, a nossa incorporação como Partido e como Bancada nessa homenagem, que é merecida e que temos a honra e a satisfação de sermos o representante do PT, hoje, aqui. Um abraço e desculpem-me por ter que sair antes, porque tenho que fazer uma gravação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra pela Bancada do PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Falar depois de oito oradores, certamente fica um desafio enorme no que sobra para ser dito. É, normalmente, o pior momento para quem ocupa a lista final. Mas tem que se enfrentar o desafio e, felizmente, o homenageado ajuda a tarefa, porque, por incrível que pareça, ainda há muito a ser dito, e nós não vamos esgotar aqui tudo o que se poderia relembrar e afirmar em torno do trabalho, sobretudo político, de André Forster.

O risco dessas homenagens, em todo o caso, é que a gente tem reencontros e vai-se dando conta, inclusive, de que o tempo passou; vai-se ficando velho. Estava lembrando do Senador Fogaça como meu companheiro do Cursinho IPV e os nossos primeiros momentos, em que a gente começava a descobrir as coisas lá fora. Estava relembrando o Ver. Werner Becker, que hoje está aqui, também nos primeiros momentos de convívio nesta Casa, quando André e eu éramos eleitos, no mesmo período de 1982, e assumimos por aqui em 1983. Eu acho que o Secretário Mendes Ribeiro adivinhou que eu também ia citá-lo e saiu antes para não ser lembrado, exatamente nos primeiros contatos que tivemos aqui na Casa, em que ele foi um importante articulador, porque naquela época, ligado ao Governo Municipal, ele era capaz de fazer articulação com a oposição, e isso foi extremamente importante para a Cidade de Porto Alegre.

Mas a homenagem de hoje ao André tem uma outra coincidência. É que o último debate de que nós dois participávamos, na campanha de 1982, tinha um terceiro personagem, que era o Vereador, hoje Presidente desta Casa, Isaac Ainhorn. Cada um de nós por um partido diferente, como hoje continuamos, cada um por um partido diferente. E a última pergunta - porque esse debate ocorreu, se não me engano, no Cursinho Unificado - a cada um de nós era por que havíamos escolhido aquele partido e o que pretendíamos realizar na vida pública, na vida partidária, na vida política. De um modo geral, acho que nós três definíamos com absoluta clareza e objetividade as tarefas que pretendíamos desenvolver a partir de lá.

Acho que cada um de nós, a seu modo, cumpriu aquele objetivo: fomos eleitos, assumimos os nossos cargos, desempenhamos nossas funções e ingressamos nesse conjunto dos que se decidem correr esse risco, que é a vida pública, permanentemente acompanhada, permanentemente fiscalizada, muitas vezes incompreendida e que, ao mesmo tempo, é fundamental para uma democracia como esta que estamos querendo construir gradualmente, crescentemente no Brasil.

Lembro também do André candidato, e não deve ter sido a Vereador nesta Cidade, porque andávamos fazendo campanha lá em Caxias do Sul, quando o Dep. José Ivo Sartori não era nem Presidente do DCE da Cidade de Caxias do Sul, era um estudante, nos primeiros anos na Universidade, naqueles tempos difíceis em que realmente tínhamos o MDB como centralização de toda a luta da busca da redemocratização do País, e sobretudo, no IEPES, mencionado aqui pelo Ver. Fernando Záchia.

Eu quero afirmar que há um dado histórico, que nós não podemos esquecer de maneira nenhuma. Deve ter sido o primeiro Instituto de Estudos Políticos criado no Brasil que funcionou de fato, que foi talvez em nível de PMDB, posteriormente, o início da Fundação Pedroso Horta, mas foi modelo de todos aqueles outros institutos que os demais Partidos trataram de posteriormente constituir e era um momento difícil. O IEPES era praticamente, na Assembléia Legislativa, através da figura do André, a referência que todos nós tínhamos. Eu tive uma experiência concreta e o André deve lembrar: os debates sobre a questão do índio no Brasil. Se não fosse o IEPES ter dado o apoio fundamental ao projeto, em 1976 - um projeto que loucamente havia assumido com o Jornalista Assis Hoffmann - nós não teríamos conseguido concretizar um projeto que foi tão importante, que nós conseguimos trazer para Porto Alegre as maiores autoridades do setor, inclusive, na época, o Presidente da FUNAI. Casualmente hoje a FUNAI é presidida por um gaúcho que começava a sua tarefa ligada ao indianismo exatamente naquele momento, que é o Júlio Gayer, que assumiu agora na semana passada.

Esse cruzamento de caminhos não é apenas saudosismo, como lembrou aqui o Ver. Clovis Ilgenfritz., mas me parece que é uma avaliação da coerência com que os trinta e três Vereadores desta Câmara concretizaram a homenagem que hoje está aqui se consolidando com a entrega daqueles símbolos que são os certificados do Título de Cidadão de Porto Alegre.

Eu acompanhei o André, enquanto professor, enquanto estudioso, de um modo geral, das coisas do País. Acompanhei o André como Vereador desta Casa, fiz parte da Mesa Diretora que ele presidia, com os Vereadores em conjunto. Lembro-me dos nossos primeiros dias de Vereadores, as primeiras lutas em torno da implantação do sistema de transporte coletivo, que não dava certo; no início do corredor leste do Partenon - estava lá o Ver. Valneri Antunes. Na Zona Norte, a questão da urbanização que a Prefeitura desenvolvia. Não é por um acaso, não é por simpatia, não é por amizade, que hoje se concretiza esta homenagem e este Plenário está pleno de convidados, de pessoas, de amigos. Se nós estamos ficando velhos, talvez porque o tempo passe. É bom, de qualquer maneira, olharmos para trás, fazer balanços, e saber que aquelas coisas que aqui, adolescentes, nós nos propúnhamos, elas foram, senão todas, mas majoritariamente alcançadas, majoritariamente cumpridas.

O caminho entre Santa Cruz do Sul e Porto Alegre não é tão longo mas, certamente, o caminho para que aquele dia em que o André deixou a cidade natal e veio a Porto Alegre e, hoje, em que ele recebe parte do reconhecimento desta Cidade, terá sido sim, um caminho longo, mas um caminho no qual, por certo, ele pode ter orgulho e tranqüilidade em dizer que foi trilhado com respeito, com equilíbrio e com certeza daquilo que dizíamos em 1982, que quando nós ficássemos bem velhos, que pudéssemos olhar para os nossos filhos, para os nossos netos e dizer: “nós demos, nem que fosse um grão de areia de participação para o processo político deste País.” Parabéns André Forster! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Além das autoridades já nominadas, registramos a presença da Procuradora-Geral do Estado Dra. Eunice Machado; do Comandante-Geral da Brigada Militar Cel. José Dilamar da Luz; do Dr. Régis Ferretti, Procurador-Geral da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; do Dr. Ângelo Gianacus, representante da Defensoria Pública; do Irmão Hélvio Clemente, representante da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; do Dr. João Carlos Brum Torres, Secretário da Coordenação e Planejamento; do Dr. Bertrand Rosado, Secretário do Trabalho e da Assistência Social; Dr. José Eichenberg, Secretário da Justiça e Segurança Pública; do Sr. Bráulio Marques, representando o Prefeito de Alegrete; dos Srs. Antônio D’Ávila e Bona Garcia, da Fundação de Recursos Humanos do Estado; dos Deputados Estaduais Ivo Sartori, Giovani Feltz, Gleno Scherer; do Líder da Bancada do PMDB na Assembléia Legislativa Dep. Paulo Odone; do Cel. Marco Coelho, Chefe da Casa Militar; do Dr. João Gilberto Lucas Coelho, Presidente do PSDB; do Cel. Irani Siqueira, representando o Comando Militar do Sul; do Jornalista Firmino Sá Britto Cardoso, representando a Associação Rio-grandense de Imprensa. Registramos, também, a presença do ex-Vereador Werner Becker. Registramos, ainda, além dos Vereadores que usaram a tribuna, a presença dos Vereadores Elói Guimarães, Mário Fraga, Clênia Maranhão e Percival Puggina.

O Sr. César Alvarez, representante do Sr. Prefeito Municipal, está com a palavra.

 

O SR. CÉSAR ALVAREZ: (Saúda os componentes da Mesa.) Saúdo, ainda, os Srs. Vereadores Líderes de Bancada; parabenizo pela iniciativa o Ver. Fernando Záchia; autoridades presentes; Senhoras e Senhores. Permitam-me, de forma preliminar, um registro, o registro da característica particular de uma Sessão Solene que carrega uma ambigüidade: seu caráter solene, formal, explícito, extraordinário, mas também as bases para a sua extraordinariedade, permitindo - e agradeço ao Presidente Isaac Ainhorn a quebra do protocolo em me conceder esta palavra.

Feito esse Registro, creio que compartilhamos todos de que a nossa Capital, Porto Alegre, é uma Cidade generosa. Generosa como podem ser todas as capitais, mas particularmente generosa. Generosa com aqueles que aqui vêm, trazendo esperanças, trazendo o desafio de continuar a sua formação profissional, aqueles que chegam vencedores e triunfantes. Generosa também com aqueles que aqui chegam trazendo suas angústias, a desesperança, a terra que não existe para trabalhar, o emprego que não existe para garantir um salário, e que têm, na capital, a sua última esperança. Talvez esse quadro hoje não seja exatamente assim, mas foi em 1964 e, sem dúvida, o é nas cidades pólos regionais ou, no mínimo, nas regiões metropolitanas.

Do pouco que o conheço, André, creio que posso afirmar, quase sem nenhuma margem de erro, que André se enquadra naqueles que aqui chegaram de livre e espontânea vontade, de peito aberto para enquadrar-se na defesa da militância, da organização daqueles outros que aqui chegaram trazendo as suas últimas esperanças. Isso não temos dúvidas, naquele mosaico de trajetória do André que aqui vários foram pontuando. E eu não escapo de pontuar alguns que vivenciei, pessoalmente, com André, evidentemente um pouco mais novo.

Estivemos juntos em 1974, 1975, nas lutas pelas liberdades democráticas; estivemos juntos nas formações dos comitês pela anistia, 1974, 1978; estivemos juntos nas eleições de 1982, aí já disputando sobre projetos políticos diversos, eu candidato a Deputado pelo PT, o André pelo PMDB. Nessa trajetória, depois, nos juntamos nas diretas – 1984, 1985 - e nos perdemos um pouco, ainda que sempre conscientes de que estamos no mesmo lado dos democratas e lutadores.

É a este André, e lembrando, e reafirmando a generosidade de Porto Alegre, que é com André tão generoso quanto ele foi com ela, que o parabenizo em nome do Prefeito Tarso Genro. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos também a presença do Secretário de Minas, Energia e Comunicação, Dr. Assis Roberto de Souza.

O Sr. Governador Antônio Britto está com a palavra.

 

O SR. ANTÔNIO BRITTO: (Saúda os componentes da Mesa e os demais presentes.) Este é um momento em que não deve falar o Governador. O Governador diz, em nome do Rio Grande, que poucas homenagens poderiam ser tão justas quanto esta e poucas iniciativas tão felizes quanto a iniciativa do Ver. Záchia, de forma tão firme e tão sincera, aceita e transformada em decisão pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Eu prefiro, André, que fale o político, o militante, que não deixo de ser.

A política, e digo isso olhando para mãe do André, Dona Bela, e digo isso olhando para os filhos do André - a Gabriela, o Leandro, a Tatiana e o Juliano - costuma-nos exigir, entre outros sacrifícios, os sacrifício de, às vezes, falsamente, pretender que se escolha entre ser político e ser gente, entre ser caráter e comportamento, ou ser postura e razão. Alguns passam pela política com a facilidade de ser nela reconhecidos como boas pessoas a todos, em todos os momentos, dedicando uma palavra gentil, ou simpática, mas a política não diz desses mais do que “foram simpáticos” , porque, além da simpatia, não havia a posição, a coragem, a firmeza.

De outros a política recolhe; e ao recolher reconhece que foram firmes, que defenderam suas idéias. Mas a esses, também, a política não faz o reconhecimento, porque não foram pessoas: esconderam a idéia na falta de reconhecimento de que do outro lado do combate havia pessoas. A política, desses, diz que pediam posições, mas não conseguiram sobreviver como seres humanos capazes de reconhecer as outras posições.

O que me fascina na figura do André é que nele podemos saudar um político tão grande quanto é grande o ser humano André Forster. Portanto, aqui não estamos, Wolia e eu, para simplesmente saudar alguém que vestiu todas as roupas possíveis na política: a roupa de militante; de estudioso, quando Assessor do IEPES, destinado a sacudir, a incomodar; de candidato e de eleito; de Presidente Partidário.

Aqui estamos também para saudar, homenagear e agradecer pelo convívio com o “magro André”. Fiz uma campanha eleitoral há pouco; o André nunca esteve comigo nessa campanha. Ele sempre estava a minha frente, aplainando caminhos, ou voltando onde eu estivera para corrigir erros, ou resolver problemas. Nós todos, do PMDB, podemos nos encontrar no Rio Grande e podemos nos orgulhar do encontro, porque o André é o nosso máximo divisor comum. Alguém que nos acolhe, nos recolhe, agasalha as nossas inquietações e faz a mágica diária, de forma homeopática, pegar a nossa porção passado e tentar conciliar com a nossa porção futuro. Pegar a nossa porção dos mais antigos e conciliar com a nossa porção dos mais novos. Pegar a nossa porção sempre presente, muito dissidente, e conciliar com a nossa porção de obrigações e respeitos que temos com o Partido e com outras instituições que temos. Nós somos unidos no Rio Grande, porque temos passado, porque temos história, porque temos grandes líderes, como o Senador Simon, o Senador Fogaça; mas, desculpem todos do PMDB, nós continuamos unidos no Rio Grande, porque de março de 1990 para cá nós temos o André Forster, e tivesse o Brasil, o PMDB do Brasil, o André Forster não estaria com tantas dúvidas sobre o que é o passado e sobre o que é o futuro, sobre o que é unidade e unanimidade.

Por tudo isso eu desejo saudar o companheiro, o amigo André, saudar o Presidente André, saudar um sociólogo que tinha visão de que o futuro sorriria aos sociólogos. Alguém que jamais perdeu a capacidade de análise e de intervenção e essa é uma característica fascinante da capacidade que o André tem de somar partes desiguais e diferentes. Alguém tão pronto. A mais competente e profunda das análises, quanto a mais breve e decisiva das intervenções. Saudar alguém que em tantos anos de convívio jamais vi fazendo algo que em política dizem todos que é comum, e dizem alguns que é obrigatório; jamais vi privilegiar o projeto, a questão, o sentimento pessoal sobre o interesse coletivo do Partido, do Estado e do País.

Se me perdoarem todos, neste momento, que é um momento de emoção e de alegria, desejo concluir com um registro de ordem pessoal. Tenho no meu gabinete no Palácio Piratini uma foto, que me marcou muito a vida, em que estou ao lado do Dr. Tancredo e do Dr. Ulisses. Em casa no cantinho dedicado à reflexão, o lugar onde sento, quando chega a hora solitária, depois de ter colhido opiniões, gerar decisões, tenho uma foto para o qual olho freqüentemente, porque a foto para a qual, olhando, olho para os meus compromissos, compromissos que me elegeram Governador do Estado. Nela estou, segundos depois do anúncio da nossa vitória, abraçado ao comandante da vitória, ao comandante André Forster. Eu não teria saído do jornalista que está ao lado do Dr. Tancredo e do Dr. Ulisses e chegado a outra foto, à foto de Governador, se, entre essas duas fotos, não tivesse conhecido, admirado e aprendido a respeitar André Forster. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Fernando Záchia para proceder à entrega do Diploma de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. André Forster. Juntamente o Governador do Estado, Sr. Antônio Britto, fará a entrega da Medalha de Porto Alegre ao homenageado.

 

(Procedem-se às entregas.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós convidamos as funcionárias do Serviços Gerais da Câmara Iara Sales Lima Silva, Maria Helena Belmonte Braga e Carmen Regina de Moura para entregarem um lembrança, como reconhecimento ao ex-Vereador André Forster, por sua dedicação aos funcionários desta Casa quando no exercício da Presidência da CMPA.

 

(As funcionárias fazem a entrega ao homenageado.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o homenageado, Dr. André Forster.

 

O SR. ANDRÉ FORSTER: (Saúda os componentes da Mesa, os convidados e os funcionários da Casa.) Fui ouvindo cada um dos pronunciamentos, evidentemente foi aumentando, também, o meu sentimento de satisfação e de alegria, de orgulho, às vezes até um pouco preocupado com tantas manifestações de carinho, tanta generosidade, as quais na política não estamos muito acostumados.

Quero fazer um agradecimento particular ao meu amigo, Ver. Fernando Záchia pela iniciativa. Desde o dia em que ele me anunciou isso, já fiquei pensando que nesta Casa tem 33 Vereadores, e que eu iria esperar o resultado primeiro para depois poder sentir a satisfação que isso pudesse me proporcionar. Evidentemente, o resultado que me trouxe o Ver. Fernando Záchia, a rigor eu diria que não me surpreendeu, ainda que tenha sido uma surpresa de que todos os Vereadores desta Casa haviam aplaudido essa solicitação do Vereador ao me conferir essa honraria que recebo hoje, porque convivi nesta Casa e sei que esta Casa tem uma característica que é, sobretudo, a sua condição democrática. Por isso, por cima das diferenças, por cima das divergências, houve esse generoso entendimento de que eu mereceria, pela vontade de todos, o Título de Cidadão de Porto Alegre.

Nós todos passamos na vida por momentos importantes, uns mais ou menos importantes, mas alguns que marcam. Na minha história política, eu tenho três grandes momentos que considero que foram importantes na minha formação política.

O primeiro deles, sem dúvida nenhuma, foi na Universidade, quando ingressamos, ali, em 1964, numa situação que se confrontavam os sonhos claramente opostos e, ainda embalados, por sentimentos e por paixões que aqueciam os conflitos desse tempo. Ali, aprendemos a conviver numa posição política definida em oposição ao regime militar. Ali, já conheci alguns dos que hoje falaram aqui; ali conheci o Ver. Isaac Ainhorn, militante de esquerda daqueles conturbados primeiros anos pós 1964. Ali conheci o Clovis Ilgenfritz que aqui falou; ali conheci o Raul Carrion, tantos outros que talvez estejam aqui e que eu pudesse nominar. Foi um momento extremamente importante na minha formação política, a convivência efervescente, de muito ânimo, de muito sangue nas veias, um momento durante o qual, talvez, se definissem muitas personalidades, se definisse o caráter de muitos que ali conviveram.

O segundo grande momento da minha vida foi quando eu fui trabalhar na Assembléia Legislativa, na assessoria do Senador Pedro Simon, do então Deputado Estadual, Presidente do PMDB. Convidado por ele, conversamos, dei algumas idéias, algumas coisas que eu imaginava que poderiam ser feitas e depois de relutar muito em aceitar o convite de participar do PMDB - porque, naquela época, a gente dizia que o PMDB e a ARENA eram frutos do mesmo ventre e, portanto, não cabia participar de nenhum deles -, depois de algum tempo é que fui conversar com o Deputado Pedro Simon, trocar idéias, evidentemente ele com muito mais idéias do que eu, mas, de qualquer forma, nessa conversa ele definiu que nós faríamos um Instituto de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais – IEPES, nessa criação do MDB de então, na Liderança do Deputado Pedro Simon, que, com muita sensibilidade, soube transformar a idéia em um espaço de atuação política e todos nós entendemos como sendo muito importante. Assim começamos uma outra experiência política, para mim extremamente fundamental. Pedro Simon continua sendo uma figura respeitada, digna, como falou o nosso Ver. Pedro Américo Leal, um homem de posições fortes, mas um homem respeitado.

Foi um professor nesse sentido, altamente democrático, permitindo e compartilhando para que o IEPES, no seu crescimento, agregasse tantas figuras daquele tempo. E muitas estão aqui, a começar pelo caro amigo Professor João Carlos que, desde aquela época, já conhecíamos; o próprio representante do nosso Prefeito, o Alvarez, chegou a andar pelo IEPES; o próprio Prefeito Tarso Genro, Olívio Dutra, Antonio Hohlfeldt, Raul Carrion e outros tantos que por lá andaram. Centenas que, hoje, encontramos no mais variados pontos, nas mais variadas posições políticas. O IEPES era isto: um espaço do MDB, da época, em que conviviam todos aqueles setores que não tinham espaço político de expressão de seu pensamento e das suas convicções, ou suas vontades. Foi um espaço importante.

O terceiro espaço político fundamental foi aqui: a Câmara de Vereadores. Daquela época ainda vejo figuras queridas como Elói Guimarães, Artur Zanella, que foi tão generoso na sua saudação, Hermes Dutra e o companheiro que, nos quatro anos que estive aqui, foi inseparável nas minhas relações políticas e de aprendizado, meu querido amigo Werner Becker, que veio de Brasília para participar deste ato, me homenageando com a sua presença.

Todos são momentos que se acumulam, mas há algumas dessas situações que, às vezes, nos exigem mais em relação àquilo que sabíamos ou que supúnhamos saber. Vou-me permitir fazer, aqui, algumas considerações sobre isso, porque entendo que andamos muito pouco em tudo o que queremos fazer ou em tudo o que sonhamos e ambicionamos. Andamos muito pouco e temos uma longa caminhada pela frente. Nossa caminhada não sei onde está, mas nosso tempo é muito pequeno; temos muito o que andar para a frente e não considero que, por tudo o que temos que fazer mais à frente, em algumas coisas, estamos muito diferentes do que fomos.

Sou daquela geração que entrou em 1964 na Universidade, no confronto com o regime militar, freqüentando um curso de Sociologia e rodeado de uma vasta bibliografia marxista. Quer dizer, tinha quase tudo para não dar certo. Quando chegamos na Universidade, misturamo-nos àqueles que, desde antes, já acalentavam o sonho do Brasil independente, nacionalista, anti-imperialista, da Aliança Operária Estudantil Camponesa, das greves políticas, das greves de protesto, do dilema crucial que acompanhava a época - da década de 1950 até 1964 - em que a esquerda se debatia entre fazer reforma ou fazer revolução. Esse foi o debate que nos antecedeu na sociedade brasileira e nos antecedeu na Universidade.

Sabemos bem que o golpe de 1964 desfez, em poucos dias, esse heróico projeto que se acompanhava de uma vontade muito grande. O movimento militar impôs-se rapidamente, solapando o que pareceria antes tão próximo: a tomada do poder pelas forças progressistas e populares, como se embalava na época o pensamento político. O regime militar deixou a nu que as chamadas forças populares inexistiam, ou existiam de forma muito acanhada; muito mais na vontade subjetiva das nossas vanguardas do que na realidade.

Alguém já disse, acho que foi o Arnaldo Jabor, que a formulação ideológica que aviva esse processo tinha como referência não a realidade, mas a ficção; construída de pressupostos falsos, que alimentaram uma profunda e apaixonada ilusão. A luta foi por uma fantasia, com um saldo de custos humanos muito elevado. Quando nós entramos na Universidade a realidade era diferente. Aí somamos a inconformidade do sonho desfeito e uma grande capacidade de resistir, de enfrentar, de dispor-se. Aí ocorreram novas interpretações, novas teorias explicativas, mas com os velhos paradigmas, e com a avaliação superficial dos erros que tinham sido cometidos; talvez se achasse, até, que não tinham ocorrido e que proporcionaram de qualquer forma, a descoberta de novos caminhos, de outros caminhos, melhor do que de novos.

Nessa vontade de derrotar a face autoritária do capitalismo internacional que tinha tomado conta do Estado brasileiro, nas avaliações que se faziam nessa época, alguns buscaram caminhos de luta fora das instituições - a luta armada; e, de acordo com a matriz teórica, uns acreditando nos operários, outros nos camponeses, pois ambos, operários e camponeses, tinham uma natureza revolucionária, já que se cumpriam as condições objetivas da revolução brasileira, segundo se analisava na época. Nada disso deu certo, e tudo isso teve um custo muito alto. Foi heróico tanto quanto inócuo aos fins perseguidos, mas se diz: “Valeu a experiência!” Quem sabe se não houvesse tentado, como saber se as alternativas estavam esgotadas. Saudável ingenuidade, quem sabe. Duas décadas de autoritarismo, para se reelaborar a compreensão da sociedade brasileira, e quando isso já estava quase feito, com novos parâmetros, alguns ainda em cima e de novo, com velhos paradigmas, ocorre então uma mudança fantástica, em todo o sistema global, que quebra um dos abcessos do pensamento de esquerda pela degeneração dos países socialistas e na liquidação de seus estados.

Faço um relato especial e quero chamar a atenção, pois nós, através do tempo, ao lado de todos os acertos que podemos ter cometido, em algumas situações fundamentais erramos. Fui aprendendo aqui, nesta Casa, coisas das quais eu sabia muito pouco, que a teorização da realidade, às vezes, não era bem a nossa realidade ou a nossa realidade atravessa pré-concepções, portanto, sequer a nossa realidade nós conhecíamos muito bem. Os conceitos teóricos não eram referências do que acontecia aqui, eram referências históricas de outros países. Princípios gerais, doutrinas gerais, conhecimentos gerais que permitiam um embate direto, mas não traduziam o que era a nossa realidade.

Por isso, Ver. Zanella, quando V. Exa. fala em seu pronunciamento que talvez algumas coisas eu tenha aprendido aqui, uns com os outros, não tenha a menor dúvida de que eu, aqui dentro, aprendi muito. Comecei aprendendo as coisas simples, as coisas óbvias, as coisa do dia-a-dia, do cotidiano. O cotidiano fazia parte do dia-a-dia. A realidade faz parte do cotidiano. Comecei a entender que além da imaginação, das intenções, dos ideais, da ideologia simplificada, existia uma realidade que era mais complexa, mais diversificada, que barrava certo voluntarismo. Comecei a aprender que esta realidade tinha um ritmo próprio, bastante diferente de um certo maniqueísmo intelectual que, a priori, estereotipava o bem e o mal numa sociedade de classe e confundida ainda mais quando determinava identificações imediatas com regime autoritário. Não havia, pois, outras categorias, os que faziam o bem e os que faziam o mal. Em nome dessa dicotomia simplista, ainda que se tenha permitido acertos, muitos erros foram cometidos.

Durante muito tempo nós incorporamos preceitos teóricos, sem nenhuma mediação objetiva com a nossa realidade, com uma quase completa desconsideração com a cultura de origem desses preceitos e com a nossa própria cultura. Desprezamos que cada cultura tem sua linguagem, e que, outras linguagens permitem outras significações. A desatenção e o descuido pelas condições peculiares de cada povo, de cada momento, de cada circunstância histórica, levaram, em muitos casos, apressamento do tempo, com conseqüências desastrosas para as ilusões.

Os tempos recentes nos oferecem elementos sólidos de uma necessária reflexão crítica. A primeira que me ocorre é a de que não existe verdade onde ela deva ser produto da imposição. Não pode ser impositiva nem pela força, nem pela coerção, nem por processos inquisitórios. Por isso, do meu ponto de vista, o primeiro que tem a ser feito é pôr em cheque as verdades, aquelas que apontaram caminhos que resultaram em nada, que nos permitem apenas dizer que foram lições de tempo. Usaram e abusaram da razão. E a razão estava errada. Razões e verdades intolerantes de conceitos históricos que fizeram milhares e milhares de tutelados e enganados. A proposta socialista foi o mais recente engano deste tipo de verdade, ao propor rupturas mágicas com o capitalismo e a implantação também mágica de uma nova sociedade. Permitiu a tantos quantos a assumissem considerarem-se vetores da nova ordem suposta, submetendo a este propósito a ética das relações humanas, individuais e sociais. Foi assim na União Soviética e também em outros países que tentaram materializar este caminho, como foi em tantos outros países onde apenas supunham próximos das condições de sua materialização.

Nos primeiros, naqueles que materializaram esta experiência, tanto quanto nas formações capitalistas, passaram a obedecer à autoridade e não à verdade, porque, lá como aqui, vale aquele dizer de Hobbes de que “a autoridade e não a verdade fazem as leis”, e em ambas as formações econômicas e políticas, acabando a Justiça sendo seqüestrada pelas leis.

Homens e mulheres sacrificados em nome de uma suposta sociedade perfeita. Perdeu-se até a noção dos limites da condição humana: como seres imperfeitos poderiam construir uma sociedade perfeita de justiça e de igualdades? À luz dos acontecimento recentes é quase possível dizer-se que, quanto mais definidos os paradigmas da sociedade desejada, quanto mais elaborados o sentido e a finalidade da ação necessária e quanto mais a nossa prática estiver próxima desta intenção, estará se andando mais próximo do equívoco. Porque desta maneira, e assim foi, a verdade é um dado absoluto que leva a atitudes rígidas, comportamentos autoritários e julgamentos presunçosos. A verdade, ao contrário, deve ser objeto de uma busca permanente. Nós não estamos aqui advogando a negação do socialismo e do seu valor histórico. O que nós recusamos é o caráter absolutista que lhe deu a máscara e acabou virando a sua própria face. Tanto até onde ele estava sonhando com pesadelos, como ali onde era um sonho, apesar de tudo. Foi o socialismo, no pensamento da esquerda e por ação dela, que fustigou o capitalismo na sua incapacidade de gerar um homem solidário, uma sociedade emancipada, uma vida com dignidade. Foi o socialismo que revelou a injustiça social em toda a sua dimensão, repassada para nova ordem, após as Revoluções Industrial e Francesa. É certo, portanto, que não podemos mais tratar com descuido o nosso presente nem o nosso passado. “Qual é o valor da vida humana se não a relacionarmos com os eventos do passado que a história guardou para nós?” Isso já dizia Cícero há vinte e um séculos atrás. O que nós sabemos hoje, é certo, é que há uma incompatibilidade radical entre a economia de mercado, a democracia liberal - as duas faces de uma mesma moeda - com a justiça social, com a dignidade do ser humano e com a sua emancipação. Lutar por esses valores fustiga, põe a ordem estabelecida em cheque - neste momento da história, a ordem é capitalista. O que não podemos fazer é estabelecer parâmetros absolutos e pensar de formas impróprias que reprisem erros e tragédias. Afinal, desde quando existe a injustiça? Nós sabemos que ela não é produto exclusivo do capitalismo.

O imperador romano Adriano, no livro Magistral de Marguerite Yourcenar, disse que “uma parte dos nossos males provém de que muitos homens são excessivamente ricos, outros, desesperadoramente pobres”. Ele mesmo já denunciava o caráter das leis, aquelas demasiado duras que eram transgredidas com razão, ou aquelas complicadas e dribladas facilmente. Ele apontava que a maioria dos homens assemelhavam-se ao escravo rebelde, porque submeteram-se demais. Ele, profeticamente, valendo até dos nossos dias, disse: “Duvido que toda a filosofia do mundo seja capaz de suprimir a escravidão: no máximo mudar-lhe-ão o nome. Sou capaz de imaginar formas de escravidão piores que as nossas porque mais insidiosas”. Vinte séculos passados.

Não foi diferente na Idade Média, onde no dizer de Gerg Büchner “a vida dos nobres é um longo domingo e a vida dos trabalhadores um longo dia de trabalho”. Assim atravessamos a história. Estamos no limiar de um novo século e nossa questão central continua sendo a dignidade do ser humano. E esse desafio continua complicado, e arriscaria dizer que está até mais complicado. Referências perdidas, valores que naufragaram, fatos acontecendo na velocidade dos meios de comunicação, globalização de culturas, raízes arrancadas. Parece que somos ainda mais espectadores do que fomos. E como no filme “O Carteiro e o Poeta”, muitos que pensavam ser poetas, de fato, são carteiros. É preciso aprofundar nossas perguntas e descobrir novas. É preciso encarar as maneiras disponíveis de se fazer política. Questioná-las. Buscar alternativas. Quebrar espelhos. Refazer. Construir caminhos.

No final deste século, que precisa ser revisto e revisto, nada nos autoriza, entretanto, concluirmos pela tragédia de desesperança. Ao contrário, de tanta crise, de tanta incerteza, permanece um eterno sentido da vida e de verdades possíveis, e com ele um novo espetáculo de esperança que permitirá aos homens atravessar o próximo milênio.

Trago estes pensamentos que preocupam a todos nós que vivemos neste final de século; estamos chegando a um novo século. Temos prioridades, hoje, em combater a fome, e não conseguimos mudar essa realidade. Não sei quantos anos teremos ainda para que se modifiquem algumas das coisas chaves e fundamentais, pois, afinal de contas, todos nós que estamos envolvidos com partidos políticos, na trincheira de chegada, afirmamos sempre a nossa disposição, a nossa preocupação, a nossa convicção pela dignidade do ser humano. Milhões e milhões de seres humanos, através de séculos e séculos, continuam nas condições de humilhação, de miséria e de injustiça social, com alguns parâmetros que não se alteram. Faz-se tanto que eu imagino, às vezes, que somos demasiadamente presunçosos com nossas pequenas verdades.

Meus caros Vereadores, que me deram a honra de estar aqui, hoje, recebendo esse Título de Cidadão de Porto Alegre, comecei aprendendo aqui o que hoje continuam sendo meus aprendizados que começam sempre pelas minhas perguntas e começam sempre pelas minhas dúvidas. As respostas nós buscamos não nas teorias, mas nos iluminamos nelas e temos que encontrá-las no que resulta a nossa prática do nosso trabalho. A partir de hoje considero-me um cidadão de Porto Alegre com mais compromissos com esta Cidade. Agradeço a todos pela presença e sinto-me muito honrado com este ato que teve esta significação, com presenças que me sensibilizaram demais, desde as nossas figuras mais queridas deste Governo, dos nossos Senadores mais ilustres, até os meus filhos, minha mãe e tantos amigos que me deixaram, neste dia de hoje, demasiadamente comovido e cada vez mais comprometido com esta Cidade e com a nossa gente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecendo a presença de S. Exa. o Senhor Governador do Estado, Sr. Antônio Britto, das autoridades presentes, da mãe do André, dos filhos do nosso homenageado e do André, dos Srs. Vereadores e das demais pessoas que vieram prestigiar esta homenagem, nós encerramos a presente Sessão.

Estão encerrados os trabalhos. (Palmas.)

 

(Encerra-se a Sessão às 17h51min.)

 

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